Monday, December 11, 2006

 

No inicio, era a Deusa...



No alvorecer das últimas décadas, algo meio mágico começou a acontecer. De algum lugar do tempo e do espaço as deusas ancestrais ouviram os lamentos das mulheres e resolveram intervir. Como? Da forma mais perfeita possível. Sabemos que somos todos guiados por orientadores espirituais, que nos falam através dos sonhos, da intuição, dos presságios... As deusas são seres mitológicos de outras eras. Elas habitavam o mundo quando a vida era sagrada. Naqueles tempos, os vales, as fontes e os bosques viviam repletos de fadas e gnomos, pequenos elfos e múltiplos espíritos da natureza. As deusas representavam aspectos diferenciados da Grande Mãe, o ser mitológico essencial que se encontra no topo das eras. Historiadores e antropólogos encontraram seus sinais dentro de cavernas, em pinturas misteriosas que pareciam reproduzir rituais de dança e êxtase. Milhares de objetos de barro que foram encontrados, representando deusas grávidas, pareciam evocar o profundo respeito de nossos antepassados ao ato da procriação e da vida. Tudo isso remonta a milhares de anos. Muito tempo antes de existir a escrita. No início, era a Deusa, parece dizer o evangelho da Terra.Estudiosos revelam que muito antes de ser instituída a religião patriarcal, em todas as regiões do mundo, eram as deusas reverenciadas como divindades sagradas. No Egito, a deusa Isis presidia os cultos dos Mistérios; na Índia, a deusa Kali simbolizava a dualidade da vida e da morte; na Grécia, foi Deméter a grande protetora da fertilidade da terra e dos poderes curativos; entre os astecas, havia Coatlicue, a deusa que expressa a dor mais insuportável, que é a perda de uma filha amada; entre os celtas, Brígida, a luminosa; os hebreus cultuavam Shekinah, o princípio feminino de Deus e os chineses tinham adoração pela doce Kuan Yin, a deusa da compaixão. Tantos nomes recebeu pelo mundo afora que foi chamada de a Deusa dos mil nomes. Mas, os tempos passaram e o contato com as divindades se tornou cada vez mais difícil, o mundo se dessacralizou. Foi então que as deusas se transformaram em “arquétipos”, e passaram a habitar nosso inconsciente. Lá de dentro de todos nós elas influenciam silenciosamente nossos destinos.No mundo desencantado em que vivemos, o mito foi reduzido à mera função psicológica. Transformou-se em "arquétipo". Consequência de termos perdido a dimensão de mistério e reverência diante do universo, de não mais compreendermos a riqueza de uma mitologia viva e mística. Contudo, a Deusa não desapareceu. Ela revive no corpo de cada mulher que gera, amamenta, ama, cria, dá a luz, pois a mulher foi e sempre será a grande sacerdotisa da Deusa. Ela revive no interior de cada homem que ama a mulher fora de si, e aceita a mulher que existe dentro dele, pois a Deusa é o princípio universal feminino e como tal habita o interior de todos os seres, sejam eles homens ou mulheres. As Deusas estão voltando porque o mundo precisa mais que nunca do princípio feminino no coração das pessoas, nas relações, na ciência. Elas sempre inspiraram verdades eternas à humanidade, verdades que dizem respeito à vida, à morte e ao eterno retorno cíclico das transformações. No entanto, jamais inspiraram formalmente uma tealogia (estudo da deusa) porque a Deusa não é uma concepção abstrata acima nem fora do mundo; pelo contrário, ela é o mundo, ela é o cosmos, ela é a vida. Por isso, o encontro com ela se dá sem mediações. Nós podemos senti-la e vivenciá-la dentro e fora de nós mesmos, na natureza, nas flores, na relva tanto quanto na lua, no sol ou nas estrelas. Uma religião da Deusa não poderia jamais inspirar guerras nem ódios, pois todos são seus filhos eleitos – homens e mulheres, pobres e ricos, negros, amarelos e brancos - todos são seus sacerdotes e seu altar vivo é a natureza. O amor impera quando a dualidade e a hierarquia desaparecem. A Deusa é o retorno da antiga concepção da Unidade que o Holismo representa e a Transpessoal busca aplicar em sua metodologia. Precisamos voltar nosso olhar para o significado das Deusas, enquanto arquétipos que nos ensinam como ser mulher hoje. Ficamos, por milênios, sob o domínio de um sistema patriarcal guerreiro, dominador, agressivo, conquistador, que sufocou a delicadeza do princípio feminino e o fez se encolher assustado para os domínios do inconsciente. Criamos uma cultura extremamente yang, forte e poderosa, mas hoje tanto os homens como as mulheres começam a compreender que não se pode banir um princípio do nosso ser, porque com isso corremos o risco de destruirmos uma parte de nós mesmos. Só assim poderá haver uma integração plena entre o feminino e o masculino.
Mani Álvarez é psicanalista de orientação Transpessoal Co-criadora da Oficina das Deusas.

Comments:
Belíssimo texto.

Então, tentemos re-liguarmo-nos à Mãe, sem nenhuma religião como intermediária.

Como explica o André, a Mãe habita um dos maiores chacras de Gaia: Fátima-Lys.

O chacra emissor dos Novos Tempos.
 
Gostei muito do texto e da mensagem.
A poetisa Natália Correia dizia: "Eu não tenho Pátria, tenho Mátria".
 
Olá: belo texto.Será mesmo que as mulheres têm noção do que escreveste aqui?

Acho que não.Eu sei que se tem que fazer esforços para informá-las.Mas mesmo assim algumas têm informação e desdenham.Dizem que é "coisa do passado."

E os homens? Haverá deuses dentro deles?

Beijo doce.
doceando
 
Integração entre feminino e masculino.Gosto muito desta parte.Completam-se.Um sem o outro não são nada.

bj d
d
 
antonio


Assim sera!!
 
desambientado

ainda bem , que eu tb gostei!

Lembro-me de Natália dizer isso...
 
vem sonhar comigo

acho que MUITAS mulheres nem lêm estes textos e têm culpa de muitas situaçõoes q estão a acontecer, não assumindo o seu papel.
Não sou feminista, mas não tolero machismos... Cada um com a sua missão, respeitando-se mutuamente, co-criando juntos!!
 
Pois entrei agora no Lâmina e olhei para o último comentário e te vi perguntando em que trilhos tenho andado...

Pois ando mesmo fora dos trilhos!!!

Agora, nesse momento, me preparo psicologicamente para partir. Vou deixar as ilhas e isso causa uma certa dor. Sinto saudade por antecipação. É difícil deixar o que aprendemos a gostar, mas sempre há o conforto de um retorno e de um outro horizonte a desbravar... E por conquistar!!!

Daqui vou para Lisboa e depois, para o Brasil e para a minha ilha, que nessa época do ano, fervilha de gente por todos os lados e embora eu não goste disso, há o sol, as 100 praias, a minha praia, a família, os amigos, os meus bichos, o meu quintal, as minhas plantas, a minha janela e a lua a entrar por ela...

Vou tentar reecontrar o trilho!!!
Prometo!!!

Beijinhos de boas festas e que 2007 seja um ano de concretizações de sonhos!!!

Cris
 
Não sei a razão, mas em determindaos blogs, não posso mais postar com o LÂMINA DÁGUA...

É só pra te dizer que essa aí de cima, sou eu... A Critina Oliveira do LÂMINA DÁGUA!!!

Beijo,
Cris
 
eu percebi que eras tu , cristina lamina d'água...
tenho pena q passes por Lisboa e não nos possamos encontrar mas vi a exposição e achei lindissima .

os blogs beta por vezes trazem essas surpresas - há pouco sucedeu-me o mesmo


Um beijo grande para ti
 
O texto é realmente maravilhoso temos que acreditar na mãe terra pois a nossa convicção e amor irá receber mais adeptos a esta causa que é de todos.
Amar a Mãe Terra pois ela ama-nos
Fica bem amiga
Beijos
 
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