Saturday, February 10, 2007

 

O nosso cérebro



O que a neurociência faz, além de comprovar e sugerir mecanismos para o que o senso comum já sabia: que a paixão nos cega, nos torna obsessivos, nos tira do rumo? Por outro lado, quanto não se perde da poesia, quando “eu te amo” passa a poder ser trocado por “meu núcleo acumbente quer muito ficar perto de você”? A beleza da música não se torna menor se for decomposta em cumprimento de expectativas e sincronia entre regiões cerebrais? E se o estado de iluminação, normalmente alcançado às custas de anos de meditação, pudesse ser atingido com um único eletrodo situado estrategicamente no cérebro?


Curiosamente, a resposta dada à última pergunta pelo Dalai Lama em pessoa é “eu seria totalmente a favor”. Convidado a proferir a primeira palestra da série Diálogos entre Neurociência e Sociedade na 35a reunião anual da SfN, sediada em Washington, DC em novembro de 2005, Sua Santidade o Dalai Lama falou meia hora sobre sua infância de menino questionador e contestador, e durante outra meia hora respondeu a uma série de perguntas de uma audiência mesmerizada perante sua figura singela, simpática e sorridente.




Seu trato com pessoas comuns é informal porque, em suas palavras, a verdade é mais importante do que uma atitude cerimoniosa. Quando um dia lhe foi recomendada cautela com a ciência, por ser esta uma destruidora da realidade, ele replicou que a ciência apenas faz o que o budismo faz: busca a verdade. Sem investigação, não é possível enxergar a realidade. Budistas, como cientistas, são céticos – e é saudável para ambos, ele diz, rejeitar a tradição quando face a contradições.
Apreciador de longa data da neurociência, o Dalai Lama adopta perante esta uma postura condizente com seu empenho em promover dois valores humanos: o intelecto e o afeto. Quando perguntado se a compaixão para com todos os seres pode conviver com a pesquisa animal, Sua Santidade lembrou que seus companheiros tibetanos não-vegetarianos se deparam com problema semelhante. Se matar um animal é necessário, que isso seja feito com algum sentimento, com empatia.

Sua atitude em relação a pesquisas que promovam emoções positivas é de encorajamento. “Eu gostaria de ser o primeiro paciente a ter removidas as regiões cerebrais responsáveis pela raiva e pela inveja”, disse. Se a neurociência tornasse mais fácil a meditação sem prática, ele seria a favor? “Como para a cirurgia do cérebro, sim. Mas, como as drogas ansiolíticas, não é o ideal se, para dar tranqüilidade, uma medicação adormece partes do cérebro que são fundamentais. Bom seria manter a faculdade crítica, um nível de consciência metacognitiva que consegue enxergar suas próprias falhas”.
Quanto à possibilidade de a neurociência fazer progressos sobre a relação cérebro-mente, o Dalai Lama acredita que primeiro será necessário chegar a uma boa definição do que seja a consciência. No que tange a funções específicas, no entanto, ele está certo de que a compreensão dos circuitos cerebrais envolvidos trará avanços. “E se você fosse se tornar neurocientista amanhã, qual seria o tema da sua tese?”, perguntou um espectador, provavelmente certo de ouvir “Meditação” como resposta. Mas não: sábio, e sempre sorridente, o Dalai Lama respondeu que precisaria de mais uns dias para pensar com muito cuidado...
E assim, reconfortados pelo Dalai Lama de não estarem destruindo a realidade ou a poesia da vida, vários milhares de neurocientistas voltaram para seus hotéis, para então seguirem investigando as bases cerebrais do amor, da empatia e das decisões econômicas. E, por que não, da consciência, palavra cuja definição escapa até ao Dalai Lama.
http://suzanahh.typepad.com/suzanahh/2006/10/amor_meditao_e_.html#more

Comments:
Hola Wicky:

Te felicito por tu productividad incansable.
Eres escorpiana??? Yo amo a las escorpianas, mi hija lo es.
Un saludo: Andrés
 
SOU LEAO BABALAWO!!
Com muito orgulho, claro como convem a este signo!!

saludos para ti e para tu hija tb
 
Escolha excelente, Wicky!
Um caminho sereno percorrido de mãos dadas por espiritualidade e ciência só pode levar a um destino saudável e positivo.
Tem um bom começo de semana e
beijinhos :)
 
Wicky,

É fabuloso este mundo da neuro ciência e da meditação. Curiosamente estou a ler um livro do Dalai Lama e da ciencia.
E ainda vais achar mais fantastico este mundo do Quantum quando experimentares uma máquina que se chama scio.

Abraço grande de Luz e muito amor.
 
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