Monday, March 05, 2012
insustentável leveza do SER
era um domingo de carnaval como qualquer outro.
o sol convidava a sair , passear , apanhar uma lufada de ar fresco, da brisa do mar
Bernardo saiu pela manhã para não voltar mais à tarde a gnr veio a casa da familia dizer que tinha sofrido um acidente e estava no hospital dirigiram-se para lá para saber mais noticias não o encontravam mas a morte apanhou-o de surpresa, rápida e certeira
Ficou a mulher, ficou a mãe os irmãos e os cunhados. E os Amigos também.
Cinco dias para o funeral poder ser feito porque era carnaval porque era feriado para uns e para outros não porque nada podia ser feito. Todos o acompanharam num silencio de quem não tem palavras para dizer nada, as lágrimas já tinham secado de tanto terem corrido nos dias anteriores desde que a noticia brutal chegou.
Rita fica viúva sem o ser porque era simplesmente solteira, vivendo em união de facto com o homem que amava há mais de dez anos. Compraram casa, compraram carro e tudo o mais que um casal necessita para viver no dia a dia. Dispenderam os rendimentos de ambos para tudo isso porque ambos trabalhavam e viviam em economia comum, ambos solteiros, ambos maiores de idade, perfeitamente lúcidos, contas bancárias comuns, irs em conjunto.
Mas na prática , na lei, a união de facto não existe. Rita a nada tem direito e se quizer ficar com a casa ainda tem de pagar por ela pois os herdeiros são a mãe e os irmãos e mais as burocracias da legislação, do código civil, das pensões , dos seguros, das contas bancárias que já foram congeladas.
Rita não perdeu apenas o marido aos 31 anos... perdeu TUDO apesar de nada pagar a dor de quem passa por momentos destes.
Se nada é possivel fazer, pelo menos que quem me lê , pense em assinar os papéis no registo para evitar situações destas e reclamar para que a lei seja alterada, pois só existe para efeitos fiscais e de irs - em tudo o resto é omissa. Podia ter sido a minha filha. Não foi. Mas olho à minha volta e questiono quem poderia não estar nestas condições a generalidade dos casais novos e velhos por opção a viver em união de facto. Apenas porque sim, por amor , por convicção, por opção!
Labels: herança, morte, união de facto. leis
Comments:
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obrigada pelos amoresperfeitos.
tb não tenho palavras.
depois do que sucedeu há um mes, Rita continua a procurar sobreviver e a desembrulhar as eternas burocracias criadas por mentecaptos
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tb não tenho palavras.
depois do que sucedeu há um mes, Rita continua a procurar sobreviver e a desembrulhar as eternas burocracias criadas por mentecaptos
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